sexta-feira, 20 de março de 2015

CARTAS LIBANESAS, texto inédito de José Eduardo Vendramini, estreia no Sesc Ipiranga A dramaturgia de Cartas Libanesas foi inteira apoiada em histórias reais de imigrantes libaneses no Brasil, a direção é de Marcelo Lazzaratto e a atuação de Eduardo Mossri




Fotos de Felipe Stucchi

Em 2009 o ator Eduardo Mossri encontrou as cartas que sua avó recebia do seu avô, imigrante libanês, que tentava ganhar a vida no Brasil no início do século XX. Eduardo levou essas cartas para José Eduardo Vendramini, que também tem descendência libanesa. Além das cartas Vendramini pesquisou relatos verídicos de imigrantes libaneses no Brasil para construir o monólogo que conta a vida do personagem Miguel, que leva o mesmo nome do avô do autor. Cartas Libanesas estreia dia 20 de março, sexta-feira, às 21h30 no SESC Ipiranga

Miguel é um jovem libanês que vem para o Brasil com o intuito de prosperar financeiramente e logo voltar ao Líbano, onde deixou sua esposa grávida. Após anos de sofrimento e trabalho, se descobre apaixonado pela nova terra e decide convencer a mulher a vir morar com ele no novo país. “A peça é a historia de um mascate, contada por um ator mascate que resgata suas próprias historias para refletir sobre a imigração. É uma ode de amor e gratidão a todos aqueles que imigraram e enriqueceram nossa identidade cultural.”, comenta o ator.

A encenação

O diretor Marcelo Lazzaratto optou por priorizar a voz do ator e os sons da trilha para encenar este texto. Enquanto o ator Eduardo Mossri interpreta as angústias, as conquistas e aventuras de Miguel com sua mala de mascate e um microfone antigo a tira colo, a trilha composta por Gregory Slivar invade o palco. “Quero que a voz do Eduardo exista na mesma intensidade que a trilha, nesta encenação a música e os sons terão o mesmo volume e importância que a voz falada, uma história contada principalmente pelo som.”, explica o diretor que também é responsável pela luz do monólogo. O figurino criado pelo estilista Fause Haten traz cores claras desenhando a elegância masculina do início do século XX. O cenário  assinado por Renato Bolleli tem como objetivo evidenciar o ator usando poucos elementos, como ribaltas margeadas por galhos de cedro que formam um semi-círculo atrás de Eduardo, torres de luz e um pedestal.

Sobre Eduardo Mossri

Bacharel em interpretação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP. Participou por 6 anos como ator e criador da Companhia de Teatro em Quadrinhos sob direção da encenadora Beth Lopes. Seus mais recentes trabalhos em teatro são: o monólogo “Ivan e os Cachorros” de Hattie Naylor, Direção Fernando Villar, abriu o 15o “Festival da Cultura Inglesa” e contemplado com os prêmios de circulação Myriam Muniz, Caixa Cultural, Viagem Teatral do Sesi e Circuito Paulista, "O Livro da Grande Desordem e da Infinita Coerência" August Strindberg. Direção: André Guerreiro Lopes, “Condomínio Nova Era” de Victor Novoa. Direção: Rogerio Tarifa e "Luisa se choca contra sua Casa" de Ariel Farace. Direção: Ariel Farace. Coprodução Brasil e Argentina. Prêmio Iberescena de Montagem.

Sobre Marcelo Lazzaratto

Ator e diretor, formado pelo Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Uiversidade de São Paulo (ECA/USP), e é professor doutor em Interpretação Teatral pelo Departamento de Artes Cênicas da Unicamp. Durante dez anos integrou a Cia. Razões Inversas, sob direção de Marcio Aurelio.

Em 2000, cria a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, e assume a função de diretor artístico. Dentro da Cia criou diversos espetáculos como : “A Ilha Desconhecida”, adaptação da obra de José Saramago, “Loucura”; “A Hora em que Não Sabíamos Nada uns dos Outros”, de Peter Handke; “Amor de Improviso”; “Peça de Elevador”, de Cássio Pires; “Ponto Zero”, a partir da obra de Salinger, Kerouac e Godard; e “Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse”, de Jean-Luc Lagarce, “”Do Jeito que você gosta”, de William Shakespeare, “Ifigênia”, de Cássio Pires e “O Jardim das Cerejeiras”, de Anton Tchékhov.
Como diretor, encenou “Ricardo III”, de William Shakespeare (prêmio Shell de melhor ator para Chico Carvalho), “Maldito Benefício”, de Leonardo Cortez, “A Tragédia de Romeu e Julieta”, de William Shakespeare; “Eldorado”, de Santiago Serrano; “O Homem, a Besta e a Virtude”, de Luigi Pirandello; “A Entrevista”, de Samir Yazbek; “Esperando Godot”, de Samuel Beckett; “Terror e Miséria no 3º Reich”, de Bertold Brecht; “Pai”, de Cristina Mutarelli; “O Rei dos Urubus”, de Leo Cortez; “Mal Necessário”, de Cássio Pires, entre outras.
Sobre José Eduardo Vendramini
Professor titular aposentado do Departamento de Artes Cênicas da USP, iniciou sua trajetória artística  em 1964 e desde então vem participando intensamente do teatro brasileiro como dramaturgo e encenador. Membro fundador do Festival de Teatro de São José de Rio Preto, já ganhou quarto prêmios Governador do Estado e várias  menções honrosas em concursos nacionais de dramaturgia.
Um pouco sobre a comunidade libanesa no Brasil
A comunidade libanesa que vive no Brasil, formada em sua maioria por descendentes, é maior do que a população do Líbano. São quase 10 milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, contra 3,5 milhões que vivem no Líbano. Em 2015, são comemorados 135 anos do início oficial da imigração árabe para o Brasil. Foi em 1880 que o primeiro navio com libaneses deixou o porto de Bekaa, estimulados pelo imperador Dom Pedro II, que visitara o país quatro anos antes. A maioria dos libaneses imaginava estar migrando para os Estados Unidos, porque o Brasil era praticamente desconhecido. Ao se fixarem, comercial e residencialmente na região da Rua 25 de Março, a partir do final do século 19, o grupo criou espaços que funcionam até hoje como lugares de identidade. Esse mesmo processo ocorreu em outros bairros onde se estabeleceram posteriormente, como o Ipiranga, Paraíso e Vila Mariana, na zona sul da cidade, e no Brás.

Ficha Técnica
Texto: José Eduardo Vendramini. Direção e Iluminação: Marcelo Lazzaratto
Ator: Eduardo Mossri. Cenário: Renato Bolleli. Trilha Sonora: Gregory Slivar
Figurinos: Fause Haten. Assistente de direção: Wallyson Motta. Preparação vocal: Rodrigo Mercadante. Visagismo: Nael Kassees. Fotógrafo: Felipe Stucchi Produção executiva: Anayan Moretto Direção de Produção: Henrique Mariano.

Serviço
Sesc Ipiranga, na sala multi-uso, capacidade de 30 lugares.
De 20 de março a 30 de maio.  Sextas às 21h30 e sábados às 19h30
Preço : R$ 20,00; R$ 10,00 (credencial de atividade). R$ 6,00 (credencial plena).
Duração: 60 minutos
Classificação Etária: Livre

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