terça-feira, 17 de julho de 2012

Depois do beijo em Nova York, Kobra inicia mural em Los Angeles

O artista brasileiro Eduardo Kobra começa hoje um mural nos Estados Unidos. O novo trabalho transpõe o icônico Monte Rushmore, de Keystone, em Dakota do Sul, para Los Angeles, na Califórnia, O mural deve ser entregue no dia 4 de julho, o Independence Day. Com oito metros de altura por 14 de comprimento, terá uma releitura das esculturas de quatro grandes presidentes dos Estados Unidos – George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt - feitas de 1927 a 1942 pelo pintor e escultor Gutzon Borglum. Kobra está em Los Angeles a convite do famoso grafiteiro Mr. Brainwash, cujas obras misturam pop-arte com arte de rua, retratando ícones e personalidades da atualidade. Mr. Brainwash também é muito conhecido pelo documentário ‘Exit Through a Gift Shop’, dirigido por Banksy, que concorreu ao Oscar de Melhor Documentário de 2011.


O brasileiro Eduardo Kobra começa hoje, terça-feira, dia 26 de junho, um novo mural nos Estados Unidos, desta vez em Los Angeles. Do início do mês a 15 de junho Kobra, acompanhado de Agnaldo Britto, artista do Studio Kobra, pintou em Nova York o mural “O Amor está no Ar”, onde recriou, no bairro do Chelsea, a famosa cena do beijo entre um marinheiro e uma enfermeira fotografado por Alfred Eisenstaedt, em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial. Agora, Kobra transpõe o icônico Monte Rushmore, de Keystone, em Dakota do Sul, para Los Angeles, na Califórnia. O trabalho deve ser entregue no dia 4 de julho, o Independence Day. O mural, com oito metros de altura por 14 de comprimento, faz uma releitura das esculturas de quatro presidentes dos Estados Unidos, feitas de 1927 a 1942 pelo pintor e escultor Gutzon Borglum. Os bustos de George Washington (1789 a 1797), Thomas Jefferson (1801 a 1809), Abraham Lincoln (1861 a 1865) e Theodore Roosevelt (1901 a 1909) figuram como um santuário para a democracia.

“As impressionantes e gigantescas esculturas do monte Rushmore surpreendem os visitantes. Segundo li, a cabeça de George Washington é tão alta quanto um edifício de seis andares e somente seu nariz mede seis metros e sua boca, cinco metros e meio de largura. Se fosse o corpo inteiro, as escalas projetam que George Washington teria 141,7 metros de altura”, diz Kobra. “Não tenho pretensão, é claro, de causar o mesmo impacto e admiração que uma obra tão famosa e gigantesca. Meu intuito é provocar o encantamento e, com cores vivas, mostrar, mais uma vez, que a arte e a democracia, permanecem como fundamentais para arte e a própria vida como um todo”, diz o artista, que procura sempre criar em sua obras uma conexão com a história do lugar em que está atuando, sejam bairros, cidades ou países.

O mural que começa a ser pintado por Kobra fica na La Brea Ave. 1255, em Los Angeles. É o mais famoso dos locais que recebem permanentemente trabalhos do grafiteiro Mr. Brainwash. “Gostei muito da obra do Eduardo e, por isso, fiz questão de ceder meu espaço preferido para que ele faça seu mural”, diz Mr. Brainwash, que ajudou Kobra e Agnaldo Britto, artista do Studio Kobra, a removerem um trabalho seu (um grafitti com um rato e a expressão “Follow our Dreams”) do muro. “Todo o suporte foi fornecido por ele. Quando convidou-nos para vir a Los Angeles, eu não imaginava que o apoio seria tão grande. Cedeu-nos até o Lift, equipamento para subir e descer, que facilita muito a pintura, conta Kobra, que acrescenta: “O Mr. Brainwash disse que pretende fazer uma exposição, apresentando minhas obras aqui nos Estados Unidos. Quer também que eu o acompanhe em Londres para a pintura de um grande mural coletivo, durante os Jogos Olímpicos, ao lado de outros artistas, como Banksy e Shepard Fairey”, diz Kobra, que no sábado comprou uma bandeira do Brasil, que já está fixada na região central do muro: “Muita gente chega para conversar e faz perguntas sobre nossa pintura e nossa história. Outros só observam. Gosto que saibam que esse trabalho é feito por um artista brasileiro”, diz

Mr. Brainwash , ou MBW, é o pseudônimo de Thierry Guetta, artista francês que vive em Los Angeles e mistura pop-arte com arte de rua – graffiti - retratando ícones e personalidades da atualidade. Suas obras cobrem fachadas de Los Angeles e Nova York. Também é muito conhecido pelo documentário “Exit Through a Gift Shop”, dirigido por Banksy*, que concorreu ao Oscar de Melhor Documentário de 2011 (prêmio que perdeu para o “Trabalho Interno” ).

Kobra e Mr. Brainwash se conheceram em Miami, durante o Festival Art Basel. “Ele participava de um evento particular. Viu o trabalho que estávamos desenvolvendo, atravessou a rua, se apresentou e começou a filmar tudo. Logo disse que tinha gostado muito e fez o convite para que viéssemos a Los Angeles”.

*Há uma polêmica em torno de Banksy, grafiteiro inglês que sacudiu diversos círculos de arte no mundo inteiro, com seus trabalhos politizados e cheios de sarcasmo. O fato é que não se sabe ao certo qual a verdadeira identidade de Banksy. Muitos especulam que ele nem mesmo é uma só pessoa. Seria um grupo de artistas agindo sob um mesmo pseudônimo.

Mural de Nova York

Kobra entregou no dia 15 de junho o belíssimo mural “O beijo está no ar”, que pintou desde o início do mês em Manhattan, na região de Chelsea (no 255 10th Avenue), conhecida por abrigar algumas das melhores galerias de arte de Nova York. Durante as duas semanas em que durou a pintura do mural, norte-americanos e turistas fotografaram e filmaram tanto o mural que um funcionário da High Line (antiga linha de trem que hoje virou um importante ponto turístico em Nova York. e de onde há uma visão privilegiada para o trabalho de Kobra), precisou permanecer o tempo todo no local pedindo para as pessoas não ficassem muito tempo paradas, para não causar aglomeração e, ainda, dar espaço para todos registrarem a cena.

Kobra chegou aos EUA no dia 28 de maio e começou a pintar o mural no dia 1º. de junho. O prédio onde a obra foi produzida existe desde a década de 30. “Ocupamos tanto a parte inferior quanto a superior, o que significa uma área de 17 por 20 metros de pura tinta, muita inspiração e, claro, transpiração, porque o sol em Nova York estava muito forte”, diz o artista, que acrescenta. “De todos os trabalhos que fiz no exterior este é o que teve maior repercussão e interação com o público. Como a parte superior do mural está totalmente voltada para o público que caminha pela High Line, muita gente parou para acompanhar o nosso trabalho. Nunca vi coisa parecida. Além disso, como a área estava deteriorada, muitos turistas, norte-americanos apreciadores de arte e até mesmo comerciantes, vinham dizer que estávamos valorizando a área”, diz Kobra.

O tema escolhido para a obra remete a Times Square da década de 40. ”Em uma das nossas longas caminhadas que fizemos antes de decidirmos o que e onde pintar, chegamos a Times Square e fiquei profundamente emocionado, com todo aquele movimento, as pessoas do mundo inteiro, os painéis enormes e coloridos e a vida pulsando. Buscamos algumas referências e chegamos ao famoso beijo da Times Square (beijo de um marinheiro em uma enfermeira, que ilustrou na capa da revista Life no fim da Segunda Guerra Mundial, retratado pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt, em 14 de agosto de 1945, dia em que o Japão se rendeu aos EUA).

“Esta foi a base deste novo mural. O objetivo foi sensibilizar e mostrar que, mesmo com toda a correria, mesmo com o mundo dos negócios a todo vapor, o Amor está no Ar em Nova York!”, diz Eduardo Kobra.

Após realizar, nos últimos dois anos, trabalhos em Londres, Lyon (França), Atenas, Miami e Sarasota, o artista brasileiro fez sua primeira intervenção em Nova York, a convite de Colin Brennan, do Studio Counts. O convite surgiu em Miami, enquanto Eduardo Kobra participava do ArtBasel 2011, no bairro de Wynwood.

O artista teve a agenda repleta de compromissos em Nova York. Um dos encontros foi com Jay Milder, precursor do Grafitti nos Estados Unidos, com quem Kobra realizou uma intervenção artística em 2010, no muro da Galeria Arte André, na Av. Rebouças, em São Paulo. Milder influenciou artistas como Jean Michel Basquiat.

Ainda em Nova York, Kobra encontrou com Mr Brainwash, que confirmou o convite para Los Angeles, que fizera meses antes.

Kobra já tem agendada uma exposição individual para Paris, em setembro deste ano. Será na Blast Gallery, 35, na avenue Matignon, com 14 obras, todas dentro do seu projeto Greenpincel, onde critica a destruição da natureza e a matança de animais (veja detalhes ao final do release).

Recentemente, o artista participou da Call Parade, versão da Cow Parade, em orelhões da cidade de São Paulo, com o sugestivo tema “Ligue sua arte a São Paulo”. Em sua obra, “Alô, Paulista!”, Eduardo Kobra mesclou o novo e o antigo: dois bondes circulam na av. Paulista de hoje. O trabalho de Kobra está exposto em frente ao Masp.

Kobra faz nos últimos dois meses uma importante intervenção artística em São Paulo: ao lado de outros quatro artistas do Studio Kobra, realizou, dentro do seu conhecido projeto “Muro das Memórias” (com uma clássica cena da avenida São João), a pintura de uma imensa caixa d’água, de dois mil metros quadrados (50 de altura por 40 de diâmetro), no Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, na av. Engenheiro Eusébio Tevaux, 823. É o maior trabalho já produzido pelo artista em São Paulo. Antes disso, sua “maior obra” era o muro da av. 23 de maio, com cerca de mil metros quadrados. Simultaneamente, pintou, em um muro próximo à ponte Cidade Jardim, outra bela cena de São Paulo antiga.

“Na caixa d’água usamos como base uma imagem da cidade de São Paulo na década de 50. Nesta pintura, falo da esplendorosa avenida São João, com destaque para o edifício Martinelli e o antigo edifício Altino Arantes, o Banespa, ambos no Centro. De todas as pesquisas iconográficas que já fiz, esta imagem é a mais bela, porque mostra toda a plenitude da cidade antiga, com seus bondes , prédios e pessoas elegantemente vestidas”, afirma o artista, que acrescenta: “existe uma mensagem oculta, algo subliminar neste mural, que é justamente o meu amor incondicional por São Paulo, cidade onde nasci e vivo há 35 anos, e que é a base de tudo o que faço artisticamente”, conta o artista.

Eduardo Kobra, que começou como pichador, tornou-se grafiteiro (ler sobre o artista mais abaixo no release) e hoje se define como um muralista, tornou-se conhecido pelo seu projeto Muro das Memórias, onde faz releituras de cenas da São Paulo antiga. Nos últimos anos mas, principalmente, em 2011, também se dedicou muito a outros projetos, como surpreendentes obras em 3D e o projeto Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza. Também fez várias viagens para mostrar seu trabalho no Exterior, como para a Inglaterra (Londres), França (Lyon) e Estados Unidos (Miami e Sarasota, onde foi premiado no Sarasota Chalk Festival, maior evento de arte em 3D no mundo).

O ano de 2012 marca uma retomada. “Claro que sigo buscando novos projetos e temáticas, tanto que minha exposição em Paris será dentro da temática do Greenpincel, mas fiz questão de realizar nos primeiro meses do ano diversas obras dentro do projeto ‘Muro das Memórias’, que é a base do meu trabalho e que sempre estará presente em minha trajetória”, diz o artista plástico.

O “Muro das Memórias” surgiu nas ruas de São Paulo, e caminhou com muita naturalidade, sem nenhum apoio, durante anos, movido pela paixão de Kobra pela maior cidade do País. “Existe, sim, muito amor em São Paulo. Meu e de muitas outras pessoas, que fazem verdadeiras declarações para essa cidade, seja em obras públicas, seja anonimamente, em pequenas ações do cotidiano”.

Mais sobre Eduardo Kobra

Muralista e artista plástico, o brasileiro Eduardo Kobra, 36 anos, nascido no estado de São Paulo, é um expoente da neo-vanguarda paulista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado nos anos 90 - para um muralismo original - inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e no design do norte-americano Eric Grohe - beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.

Nesse caminho ele desenvolveu o projeto “Muros da memória” que busca transformar através de murais a paisagem urbana e resgatar a memória da cidade. Os desenhos são a síntese do seu modo peculiar de criar - através do qual pinta, adere, interfere e sobrepõe cenas e personagens das primeiras décadas do século XX. Essas obras são uma junção de nostalgia e modernidade, por meio de pinturas cenográficas, algumas monumentais. Através delas cria portais para saudosos momentos da cidade. O mais conhecido dos seus murais, de 1000 m2, foi realizado em 2009 na avenida 23 de Maio, em comemoração ao aniversário de São Paulo. “A idéia é estabelecer uma comparação entre o ar romântico e o clima de nostalgia, com a constante agitação de hoje”, afirma o artista.

O projeto alcançou repercussão nacional. Além dos inúmeros trabalhos na cosmopolita São Paulo, a maior cidade brasileira, Kobra produziu murais em Brasília, Rio de Janeiro, Belém do Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Kobra, inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos (muito difundida por nomes internacionais, como Julian Beever e Kurt Wenner). A convite da prefeitura de São Paulo, o artista realizou diversas obras em 3D, como na Praça Patriarca, no centro da Cidade, a primeira no Brasil; e na Avenida Paulista, símbolo da megalópole. A técnica anamórfica consiste em "enganar os olhos". A pintura é distorcida ou mesmo incompreensível na maioria dos ângulos de visão, mas ao ver do ângulo correto, estipulado pelo artista, se torna um 3D com incrível variação de profundidade e realismo. Recentemente o artista iniciou um novo projeto, o “Greenpincel” (citado no final deste release).

Veja a seguir uma síntese das linhas de trabalho de Eduardo Kobra

Muro das Memórias – projeto mais antigo e constante de Eduardo Kobra, que pinta São Paulo antiga. Há cerca de 40 trabalhos em São Paulo. Cria um contraste entre o antigo e o contemporâneo. Na av. 23 de maio, em seu maior trabalho, de mil metros quadrados, as pessoas passam em seus carros, como máquinas, a toda velocidade. O lado humano da avenida está justamente nos rostos pintados no muro. O artista começa a ser convidado para desenvolver trabalhos do Muro das Memórias em outras cidades. Fez, por exemplo, lindas criações em Belém do Pará, Rio de Janeiro e Santa Maria (RS), além de cidades em diversos países.

3D – Kobra é pioneiro nesta arte. Surpreendeu São Paulo fazendo um carro em 3d na Praça do Patriarca. A obra tinha cerca de 30 metros de largura por oito de comprimento. De 98% das posições o espectador via uma mancha no chão. De dois por cento via um carro, “real”, na frente. Fez um Pelé na Av. Paulista; um Michael Jackson no Rio de Janeiro (junto com o artista plástico Romero Brito); uma piscina no Rio (homenagem às Olimpíadas); monumentos de Brasília na Esplanada dos Ministérios e um canyon com elementos brasileiros e sul-africanos na Praça do Patriarca, em São Paulo, durante a Copa do Mundo de 2010. Ao total, fez cerca de 20 trabalhos em 3D no Brasil. Em 2011, participou e foi premiado no Sarasota Chalk Festival, maior evento de 3D do mundo (ler em trabalhos internacionais, ao final do release).

Galeria de Céu Aberto – O artista começou a colocar seus quadros em muros e outros espaços da cidade de São Paulo. Quer mostrar para as pessoas que a arte é acessível, que todos podem entrar em galerias. “Muita gente pensa que não gosta de arte simplesmente porque nunca entrou em museus e galerias”, afirma Eduardo Kobra que há pouco mais de quatro meses fez uma obra deste projeto em muro da Praça Panamericana.

Galeria – Kobra se firma como artista plástico. Sua arte é cada vez mais encontrada também nas galerias. Em outubro de 2008, fez na galeria Michelangelo, em São Paulo, a elogiada exposição “Lei da Cidade que Pinta”, onde placas, outdoors, luminosos e outros materiais de comunicação visual retirados pelos fiscais e funcionários da Prefeitura ressurgiram como suporte para as obras de arte. Em julho de 2009 fez, também em São Paulo, na galeria Pró Arte, a exposição “Visitas”, sucesso de crítica e público. Tem telas na Galeria de Arte André. Ainda em 2012 fará exposições em Nova York e Paris.

Greenpincel – O projeto que o artista desenvolve desde março de 2011, buscando alertar e combater as agressões do homem aos animais e ao planeta como um todo. Kobra entregou vários murais para a cidade de São Paulo, dentro do projeto. Fez em julho um chocante mural de “boas-vindas”, chamado “Welcome to Amazônia”, na av. Rebouças, 167, com cerca de 7mX5m. O cenário mostra um ambiente arrasado. Pouco antes, concluiu o mural “CO2”, na rua Alvarenga, 2.400, com cerca de 10mX5m, também parte do seu projeto Greenpincel, iniciado com o mural “Navio Baleeiro” (obra crua e forte, baseada em uma cena da caça de uma baleia pelo navio Yushin Maru), realizado em março na rua Domingos de Morais, na Vila Mariana. No dia 26 de agosto, Kobra e outros artistas do Studio Kobra pintaram o mural “Sem Rodeios”, na av. Brigadeiro Faria Lima, depois de ficar chocado com as imagens nos jornais e sites do bezerro abatido pelo peão César Brosco durante a 56ª. Festa do Peão de Barretos. Em setembro, fez na rua Cayowa, em Perdizes, o mural “Mar da Vergonha”, onde critica o massacre de centenas de golfinhos no início de setembro, na pequena cidade de Taiji, na costa meridional da ilha japonesa de Honshu. Em outubro fez o mural Alta Mira, onde critica a construção da usina, trabalho que atingiu grande repercussão de público e mídia.

Segundo Kobra, o Greenpincel pretende denunciar e combater artisticamente as várias formas de agressão do Homem à natureza. “Todas as tragédias naturais que têm acontecido em nosso planeta mostram que proteger os animais e a natureza como um todo é também uma forma de protegermos o ser humano. Particularmente, sou um apaixonado por plantas e animais. São temas que namoro há muito tempo e, por isso, decidi que já era hora de colocá-los também dentro do meu trabalho como artista”, diz.

O Greenpincel marca uma nova etapa nas obras de rua do artista, que buscam basicamente preservar a memória e trazer beleza aos paulistanos, em meio à correria do dia-a-dia. “Gosto muito de resgatar a história e levar beleza às ruas das cidades, o que faço principalmente no projeto ‘Muro das Memórias’, mas há situações em que devemos denunciar, mostrando artisticamente as agressões feitas contra o nosso Planeta”, afirma.

Trabalhos Internacionais - O muralista e artista plástico fez no ano passado três murais na Europa. Em maio, em Lyon, França, pintou o mural Imigrantes (de 17mX3,5m), no bairro de Guillotiére, que é conhecido por abrigar muitos imigrantes, vindos de diversos países e continentes. Um novo projeto da Prefeitura da cidade prevê a demolição de várias casas e prédios históricos dessa região, para a construção de uma ampla avenida, trazendo modernidade às custas da perda de patrimônio histórico e, principalmente, da retirada de antigos moradores. “Minha pintura fez parte de uma série de eventos e protestos contra essa ação da Prefeitura”, explica o artista. Todo o processo produtivo de Eduardo Kobra foi acompanhado pelo francês Gilbert Codene, líder de uma das principais equipes de pintores muralistas no mundo.

Antes de Lyon, Kobra passou por Londres, onde fez, em abril, um mural na bicentenária Roundhouse. Nesse muro já existiram outros trabalhos. O primeiro foi do famosíssimo grafiteiro Banksy (um documentário sobre ele concorreu ao Oscar). “O trabalho de Banksy foi atacado por uma senhora que mora no bairro e não gostou da obra, destruindo-a com tinta branca. Pouco depois, artistas utilizaram o muro para protestar, desenhando uma onça e colocando frases contra o ataque”, conta Kobra. A Roundhouse fica no Camden Town, um dos bairros mais descolados de Londres e é umas das casas mais importantes da capital inglesa. Por lá já se apresentaram nomes como Mick Jagger.

Na Grécia, Kobra fez, com Agnaldo Britto Pereira, em um ponto nobre de Atenas (próximo à estação do metrô Pefkakia), o mural “Evolução Desumana”, com cerca de 35 metros de comprimento por cinco de altura, dentro de seu projeto Greenpincel. Após passar cerca de um mês em Atenas, voltou ao Brasil no final de agosto, após concluir o mural, que havia sido atacado por religiosos, revoltados com o que chamavam de agressão a Deus, já que “Evolução Desumana” trazia da evolução segundo Charles Darwin.

“Sempre respeitei as culturas e as religiões. O meu trabalho é com Arte Urbana e, claro, ele acontece principalmente nas ruas, o que aumenta ainda mais a minha responsabilidade, já que minhas obras são vistas por todos os tipos de pessoas. Mas parece-me claro que o fato de não gostar de algum trabalho artístico, por sua qualidade ou temática, não dá a ninguém o direito de destruí-lo. Se assim o fosse, esses religiosos poderiam entrar no Museu de História Natural de Nova York, onde a evolução da espécies e, principalmente, humana é mostrada de forma realista, e destruírem tudo! Respeitar o direito de expressão é básico na Democracia que, por sinal, começou aqui na Grécia. Por isso decidimos, ainda que exista algum perigo de um novo ataque ao muro, refazer o trabalho, com algumas modificações estéticas, mas ainda dentro do mesmo tema. Não podemos ceder espaço para os intolerantes”, diz Eduardo Kobra.

O artista brasileiro viajou para Atenas, a convite de Kiriakos Isofidis, sócio da editora Carpe Diem, que já publicou três livros sobre muralismo (“Mural Art Book 1, 2, e 3”), além de diversos outros livros sobre Street Art. O terceiro volume de “Mural Art Book” traz duas páginas sobre o trabalho de Kobra. Isofidis também dirige o grupo Carpe Diem, um dos principais de arte de rua na Grécia.

No final do ano passado, Kobra foi aos EUA, acompanhado pela sua equipe do Studio Kobra, como o único artista brasileiro convidado para o Sarasota Chalk Festival, maior evento de arte em 3D no mundo, que teve a curadoria de Kurt Wenner. Os trabalhos do festival foram realizados de 1 a 6 de novembro e o dia 7 foi exclusivo para a visitação do público, que lotou as ruas da cidade norte-americana. Várias urnas foram espalhadas por Sarasota para que o público votasse nos 20 melhores trabalhos, entre os 200 participantes. A Biblioteca em 3D de Eduardo Kobra esteve entre os 20 trabalhos eleitos e premiados. Após o festival, os brasileiros participaram da Garage Art (a pintura de um estacionamento), ao lado de outros quatro artistas - cada um responsável por um andar, em Sarasota, e, ainda na cidade, pintaram a lateral de um prédio na avenida Pinapple, também em Sarasota, retratando uma cena da década de 40.

Após Sarasota, Kobra e equipe viajaram para Miami para participar do Art Basel, evento de arte que acontece em “toda” Miami, com cerca de 100 artistas norte-americanos e de diversos países pintando os muros da cidade. O Studio Kobra pintou um quarteirão inteiro em Wynwood , com imagens antigas, mas em linguagem contemporânea e colorida. No início de 2012, após passar as festas de final de ano no Brasil, Kobra e equipe retornaram aos EUA para participar da Art Palm Beach, também com um mural que mostrava imagens antigas com linguagem contemporânea. Ao final de maio, viajou novamente para os Estados Unidos para fazer muralismo em Nova York e, agora, em Los Angeles.

Para este ano, Kobra já tem diversos convites para mostrar seu trabalho. Fará em setembro a já citada exposição em Paris e tem previstas intervenções artísticas em Londres e em países do Oriente Médio. 
Crédito das fotos: arquivo pessoal de Eduardo Kobra
 
 Kobra à esq com Mr Brainwash sim
 Da esq para a dir Agnaldo Britto, Eduardo Kobra e 
Mr Brainwash iniciam preparação do mural para a pintura de Kobra
 Da esq para a dir Eduardo Kobra, Mr. Brainwash e 
Agnaldo Britto -em frente a mural de Brainwash
 Obra de Mr Brainwash que estava no mural
Projeto de como ficará o novo trabalho

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