Um maestro e uma bailarina
convivem em um espaço indefinido, amplo e lúdico,
alternando momentos de amor e loucura. O casal sabe que há fragmentos que
os unem – mas paira entre eles a ameaça constante da perda de memória.
Apenas música e dança podem curá-los.
A peça foi escrita por Dib
Carneiro Neto a pedido da diretora Kika Freire, que sempre quis fazer um
espetáculo abordando o tema: “Assistindo a um filme, há cerca de 12 anos,
chegamos ao final com uma surpresa: o perdão ao assassino e a condenação ao
louco. Me indignei! Logo em seguida tive acesso ao trabalho da Dra. Nise da
Silveira e mergulhei no "inconsciente profundo", concêntrico,
dilatado, louco e são, onde afeto é capaz de movê-lo por dinâmicas impensadas pela
psiquiatria clássica. A partir daí, comecei a gerar Pulsões”.
A diretora apresentou a ideia de
montagem do espetáculo à Primeira Página Produções. “A ideia foi
imediatamente aceita pela equipe da Primeira Página. Montamos o projeto e estamos
realizando o espetáculo. Pulsões trata de tema espinhoso e consideramos
importante abordá-lo. O espetáculo ganhou roupagem lúdica, leve, delicada e
estamos muito felizes com o resultado”, declara Maria Siman, coordenadora
de produção.
O trabalho da psiquiatra Nise da
Silveira serviu de inspiração para a composição de um espetáculo
multirreferencial, mesclando teatro, música e dança para abordar temas
complexos de uma forma delicada. Ampliando o campo de comunicação, é possível
adentrar num universo particular que não pode ser traduzido em palavras,
apenas. O amor é revelado como propulsor de uma nova linguagem, como
instrumento de expressão. Sem julgamentos ou pretensão de
compreender/apreender, o espectador é guiado por um mundo transgressor e belo.
Afinal, não encontramos limites quando arte e loucura se encontram. “Sem
a relação de uma pessoa com a outra, não há cura possível”, escreveu a
psiquiatra. Para questionar a repulsa com que a patologia psíquica é vista, a
proposta aqui é mostrar as afecções que a Dra Nise nomeou de “emoção de
lidar”. Para tanto, ela mesclou ao texto música e dança, ambos elementos
que fazem parte das formações dos personagens vividos pela atriz e bailarina
Fernanda de Freitas e pelo ator Cadu Fávero.
Premiada atriz no cinema
(“Malu de Bicicleta”) e indicada duas vezes ao prêmio APTR,
Fernanda, que desde 2011 está no ar no seriado “Entre Tapas e
Beijos”, da TV Globo, é bailarina clássica desde os 8 anos de idade. Na
peça, o atravessamento da arte entra como mais uma forma de dialogar com seu
parceiro de cena, Cadu Fávero. “O texto chegou para mim através da Kika,
grande amiga com quem danço há dez anos, e como a dança faz parte da minha vida
consegui trazer com facilidade os movimentos para a cena”, diz. Sobre os
limites do amor entre os personagens, Fernanda completa: “Para tudo tem
que ter limite, mesmo que seja como forma de proteção. Mas quando a gente se
apaixona, chegamos à beira da loucura. Já o amor, é mais leve, mais
bailarina.”
Já o ator, fundador da
“Companhia Livre de Teatro”, ao lado de Luisa Thiré, usa do
conhecimento de carreira em TV, teatro e cinema, para despertar o
questionamento entre a loucura e a razão. “Qual o limite aceitável para a
loucura? Nenhum! Se eu tiver que me rasgar inteiro, dilacerar meu coração,
passar por cima das minhas certezas e dos meus "achismos" para servir
com amor, e auxiliar na construção do sonho de outro ser humano e, nesse caso,
minha amada Kika Freire. Farei!”, afirma Cadu.
A música é peça fundamental na
história. No palco João Bittencourt e Maria Clara Valle tocam ao vivo o piano e
o violoncelo. Como resume o diretor musical Marco França, “Aqui a música
tem uma função dramatúrgica, ela é a cena, o subtexto. Ela permite ao público
enxergar as coisas de uma outra forma.”
O figurino foi assinado por Teca
Fichinski, premiada com o APTR e Shell, em 2012, além de estandarte de ouro em
2009 pela comissão de frente da escola de samba Vila Isabel.
Por meio de elementos visuais de
extrema força poética, uma trilha sonora instigante e intrigante e uma
dramaturgia atemporal e nada linear, o espetáculo convida o espectador a
refletir sobre sua própria singularidade. Segundo o autor, "Que sirva a
cada um como uma tentativa de mergulho nas próprias profundezas e delicadezas. Como
uma vertigem cênica revolvendo nossas fragilidades mais inconfessáveis. Como um
oásis de imaginação irrefreável em meio ao pragmatismo concreto de nosso
cotidiano. Música e dança indissociáveis do teatro e, portanto, da vida e da
morte. Para vocês, e com vocês, uma bailarina e um maestro", declara Dib
Carneiro Neto.
PULSÕES
Teatro Sergio Cardoso
Sala Paschoal
Carlos Magno (144 lugares)
Rua Rui Barbosa, 153.
Bela Vista
Bilheteria: 3288.0136
De segunda a sábado, das 14h às 17h, para vendas
antecipadas. De segunda a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Aceita
todos os cartões.
Vendas: www.ingressorapido.com e 4003.1212
Vendas: www.ingressorapido.com e 4003.1212
Sexta a Domingo às
20h
Ingressos:
Sexta R$ 30 |
Sábado e Domingo R$ 60
Duração: 50
minutos
Recomendação:
14 anos
Estreia
dia 18 de Setembro
Curta Temporada: Até 18 de Outubro
"A loucura está
profundamente ligada ao desamor. Só o amor salva alguém da loucura" - Nise
da Silveira
Ficha Técnica:
Texto: Dib Carneiro Neto
Direção: Kika Freire
Elenco: Fernanda de Freitas e Cadu Favero
Direção musical e Trilha sonora: Marco
França
Piano: João Bittencourt
Violoncelo: Maria Clara Valle
Iluminação: Fran Barros
Cenários e Figurinos: Teca Fichinski
Caracterização: Rose Verçosa
Fotografia e Programação Visual: Victor Hugo Cecatto
Direção de Produção: Paula Salles
Coordenação Geral: Maria Siman
Produção Executiva: Joana D`Aguiar
Realização: Primeira Página Produções
Culturais
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em
Comunicação
Destaques da Crítica
“Kika
Freire criou montagem envolta em carga onírica e impulsionada por força
emocional. (...) Fernanda de Freitas com segurança vocal e sensibilidade
interpretativa, a atriz projeta o melhor do texto”.
Macksen Luiz – O GLOBO -
19.06.2015
“O
texto poético do Dib, trabalhado como ourivesaria na encenação circense de
Kika, virou um dos espetáculos mais belos e intrigantes que vi nos últimos
tempos. (...). Tudo me encantou em Pulsões – as interpretações de
Fernanda de Freitas e Cadu Fávero (ela é ótima, mas na segunda-feira, dia da
apresentação para convidados, ele arrebentou), a direção musical de Marco
França, a iluminação de Fran Barros, a cenografia e os figurinos de Teca
Fichinski, tudo se combinou para criar um universo mágico, no limite da arte e
da loucura. (...)
Luiz Carlos Merten –
ESTADÃO - 18.06.15
“O
drama de Dib Carneiro Neto se equilibra entre uma intensa carga poética e diálogos
emocionalmente arrebatado do início ao fim. (...). Nesse ambiente carregado de
sensibilidade, Fávero e Fernanda estabelecem boa contracena — ela,
especialmente, revela tato na extração de arroubo e fúria de sua insuspeita
aparência de frágil bailarina.”
Rafael Teixeira –
Revista Veja Rio – 6.07.2015
“Texto
belíssimo, impregnado de dor e lirismo, virulento e delicado, e cujo principal
mérito talvez consista em nos propor um olhar mais atento às nossas próprias
patologias, “Pulsões” recebeu um tratamento cênico em total
sintonia com o material dramatúrgico. Kika Freire assina a direção de um dos
mais significativos espetáculos da atual temporada. Fernanda de Freitas e Cadu
Fávero exibem performances absolutamente irretocáveis, tanto do ponto de vista
do universo gestual quanto no que concerne ao texto articulado. Além disso,
evidenciam aquele tipo de cumplicidade que só existe quando a confiança é
total. (...) A ambos, portanto, agradeço a maravilhosa noite que me
proporcionaram. (... considero primorosa a contribuição de todos os
profissionais envolvidos nesta mais do que oportuna empreitada teatral –
Fran Barros (iluminação), Teca Fichinski (cenário e figurinos), Rose Verçosa
(caracterização), Victor Hugo Cecatto 9fotografia e programação visual) e Marco
França (direção musical e trilha sonora). E gostaria de enfatizar a maestria
dos instrumentistas João Bittencourt (piano) e Maria Clara Valle (violoncelo)
– o primeiro mantém com o instrumento uma relação tão visceral e delicada
que imagino ser a mesma que dedica a uma pessoa amada”.
Lionel Fischer (Crítico e
professor de Teatro) – Blog - 18/06/15
“Cenário
e iluminação, parceria fantástica dessa obra de arte que é Pulsões, já fazem
com que o espectador se situe nesse terreno misterioso que é o inconsciente,
nicho de associações impensáveis de ideias. (...)A música que acompanha o
espetáculo, esse sub-texto formado por piano, violoncelo e acordeom, e
interpretados lindamente por João Bittencourt e Maria Clara Valle é outra
maneira de aproximar a plateia das moções inconscientes (e também das emoções
conscientes) que impulsionam os personagens, seu discurso e seus sintomas.
(...) A voz cheia de força de Fernanda de Freitas a princípio traz um
descompasso interessante em relação à figura frágil e delicada da bailarina que
ela incorpora. A atriz é capaz ainda de interpretar o olhar ‘sem
eu’ que é típico do sujeito psicótico que só quem já caminhou pelas
alamedas de um hospício viu. Cadu Fávero, por sua vez, se mantém
equilibrando-se na corda bamba de uma racionalidade que tenta conduzir os
disparates e as emoções dentro de um possível tolerável, que tenta abrir
caminho para memórias esquecidas, mas se dobrando a eles (...) Os atores e os
músicos sustentam texto, música e espetáculo sem derrapar nos labirintos
nodosos de uma obra densa e de forte carga emocional. Pulsões, esse espetáculo
da Primeira Página Produções, merece ser visto e revisto”.
Vivian Pizzinga
– Blog - 18.06.2015
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